Eu vou morrer, Karisme.
Amarre tudo em seu pescoço,
e passe por mim.
Estou passando com as águas e o moinho,
aguente: vou passar.
É uma roda: rode,
não acuda.
Eu sou eu,
aconteci,
teci
meu abandono no bojo de teu sangue,
ensanguentei
teus plenilúnios,
alucinei
teu sono,
mas
eu vou, é vela:
revela,
vale, eu voo.
Nasci
numa montanha
e
foi tudo instinto.
Cobri
minha nudez da palha do palmito.
É
isso: enrodilhei teu corpo numa cordilheira
e
te consumi.
Agora,
vem me consolar,
que
é hora de consolo.
Vem
pousar teu medo:
não
vacile.
Eu
vou:
tranquilo
transe intruso.
Transito:
vou.
Eu
mato: entenda.
Mate:
eu vou.
Varginha Abril 1973